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quinta-feira, julho 30, 2009

Cenas 

Na Terça, um passeio ao centro levou-me a um pequeno parque com nome de peixe que tem de um lado um luxuoso lar de idosos e do outro uma das mais movimentadas ruas da cidade. Podia sentir-se no ar a correria feliz das pessoas que voltam para casa para preparar as férias; estava-se antes das 8 horas da noite; o sol brilhava ainda forte.

Um casal, pouco mais que meio arbusto entre eles e a rua, pinava*.

Para quem acha que este é um lugar chato.


* Ela diria antes 'celebrava o verdadeiro amor, contra a sujeição ao dinheiro, a hipocricisa e os moralismos castradores da sociedade capitalista', porque parecia desse tipo. Ou pelo menos o rabo dela parecia. Ele, não sei que diria, não tinha a mesma coragem dela, manteve-se por baixo.

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Huit clos 2 

As últimas vozes que vou poder ouvir sobre aquele amor, vindas do último lugar onde ele permanecerá, serão as da memória da avó dela, congelada no tempo pela doença.

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quarta-feira, julho 29, 2009

Huit clos 

Passaram-se quase 4 anos desde que utilizei com alguma regularidade aquele telemóvel.

Hoje, as únicas chamadas que lhe restam são telemarketing.

Foi assim medido o tempo do esvaecimento.

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segunda-feira, julho 27, 2009

Entrevistas desconhecidas 

Há uns tempos atrás, num evento social relacionado com trabalho, troquei duas de conversa, à volta de um aperitivo, com um moço belga. Acabámos por nos dirigir juntos para uma das mesas redondas onde seria servido o jantar, aliviados por termos já aquela ligação estabelecida: era uma frágil mas preciosa defesa face aos momentos de embaraço acoitados naquele deserto de estranhos.

Boa companhia, boa conversa, não me lembro se boa comida, mas imagino que sim: os receios anteriores dissipados, como é afinal usual nestas ocasiões. A meio do segundo prato, e um pouco para surpresa sorridente de ambos, disse-me que era bissexual. E, como na cama tanto se lhe dava mas tinha descoberto ser-lhe mais fácil partilhar a vida quotidiana com um homem, era com um macho que mantinha um relacionamento de já longa duração.

Eu, registei o sentido prático da coisa. E da coisa também.

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No mesmo saco 

"Women, Fire, and Dangerous Things: What Categories Reveal About the Mind", George Lakoff

mais em http://www.edge.org/3rd_culture/boroditsky09/boroditsky09_index.html

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Balonadas 

Tolerância é exactamente aceitar que ideias com as quais não se concorda sejam expressas livremente (em vez de mandar heterodoxos para o gulag, por exemplo e naturalmente apenas hipotético).
A minha sugestão: um lançamento simultâneo de balões da ND e do BE, lado a lado, como irmãos.
Idealmente, esta cerimónia seria seguida do rebentamento de ambos com fogo de artifício à fartura, devolvendo a liberdade ao abundante ar quente de que ambos se enchem.

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domingo, julho 26, 2009

Pois 

"Ser deprimida é coisa que há muito me consome e, sobretudo, humilha. Tenho vergonha de padecer de tal maleita. A depressão é uma doença tão fútil como a anorexia. É um luxo de sociedades onde impera a abundância e o desperdício. As anoréxicas querem ser magras. Os deprimidos querem ser felizes. Uns e outros deviam ser sovados até que a estultícia lhes saísse das entranhas".

http://ana-de-amsterdam.blogspot.com/2009/07/antonio-augusto-de-aguiar.html

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quinta-feira, julho 23, 2009

(s)Kosh 

A small amount: bit, smidgen;
The word "skosh" comes from the Japanese word "sukoshi" and means "a tiny bit" or "a small amount".

In the Korean War, a small soldier was often nicknamed "skosh"; it can also be used adverbially, as in "I'm a skosh tired".

Tou um kosh cansado também.

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quarta-feira, julho 22, 2009

The performance of right 

"Action from principle, the perception and performance of right, changes things and relations; it is essentially revolutionary, and does not consist wholly with anything which was.

It not only divides states and churches, it divides families; ay, it divides the individual, separating the diabolical in him from the divine".

Henry David Thoreau (1817-1862)

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segunda-feira, julho 20, 2009

Oásis 

'Falling down' é a melhor coisa que estes over-hyped moços alguma vez fizeram (no pun intended).

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quarta-feira, julho 15, 2009

Xanax 

O meu corpo parece ter alterado a minha relação com a dor física. Sente mais e menos, sobre mim, ao mesmo tempo.

Saio para correr e acabo o duche com os tendões dos tornozelos em brasa, sem explicação aparente; mas dou ordem de marcha e os membros obedecem, levam-me, por cima de lamentos que soam distantes.
Durmo menos e menos horas aos dias de semana, e mesmo ao fim de semana, acumulando um cansaço difuso; mas levanto-me e o zombie reconhece, desloca-se por entre aquele nevoeiro.

Como se houvesse diminuído, suavizado, anestesiado uma ligação nervosa; compreendo que alguma coisa está errada mas o sentimento está afastado, reduzido, amordaçado.

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segunda-feira, julho 13, 2009

Background 

Durante a reunião, longa fila de mesas dispostas em quadrado, estou sentado contra a porta.
No outro topo da sala, mesmo em frente, sentam-se os membros da presidência, recortados contra o edifício cinzento que se vê pela janela detrás.
Há um ecrã de computador mesmo ao meu lado, à altura da mesa, onde se transmite a imagem ampliada do orador do momento.

Olho em frente e vejo o presidente a falar, o edifício cinzento como pano de fundo. Olho para o ecrã e vejo de mais perto o mesmo presidente. Com árvores ondulantes por detrás.
Olho uma e outra vez, alterno a realidade e a TV, gozando o prazer que pareço ter sozinho.
Sei que a explicação está num qualquer bizarro ângulo da câmara mas pergunto-me se poderia ser em vez disso apenas um dos privilégios de ser presidente.

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funciona ?

By Blogger AF, at 12:54 da tarde  

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Common misspellings 

Body of low / Body of law

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segunda-feira, julho 06, 2009

Ficcionismo 

Tive imensas discussões com o meu pai - como os meus pais - sobre a desconfiança, a sujeição a modelos e o fatalismo; sobre uma visão cínica e, parecia-me, finalmente conformista, solitária e triste, da vida. Uma visão de condenação.

Eu, queria provar que não era necessariamente assim, que as coisas não descambam sempre, que temos sobre elas algum controlo, que nos cabe alterá-las quando erradas, mudar o seu rumo.
Havia fantasias de juventude, falta de experiência e visão. E outra coisa ainda; o não querer olhar para a lei dos números.

Por tradição, por inércia, por tacanhez, sim, mas também por selecção natural, certas ideias tornam-se pré-feitas; tornaram-se, por servirem. Contrariá-las é contrariar o senso de muita gente. Nalguns casos, o bom senso de muita boa gente. E há sempre arrogância e violência em crer que estamos mais certos que tantos outros.

E - antes que isto se torne num manifesto conservador que justifique qualquer barbaridade com o passar do tempo - eis a vaca fria: talvez o segredo seja reconhecer que regularidades, regras, "leis".
E há excepções. Podemos apoiar essas excepções quando queremos fazer mudar, evoluir para além da tradição e dos preconceitos. Mas sem esquecer que não poderemos transformar todas as situações numa excepção.

Pelo menos durante o tempo de uma vida.

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domingo, julho 05, 2009

Whatever works 

O novo Woody Allen tem um novo-velho actor a interpretar o bom velho Woody.

E a nova história é a nova-velha interpretação da sua boa velha história de sempre.

E a nova moça, ou melhor, o par nova-velha, é bom, ou boas, até a mais velha.

E a nova solução, que é semi-nova, semi-velha, acaba por não poder deixar de ser, afinal, velha: a lucidez pede desencanto, desilusão e despero, o amor promete a paz temporária do contrário.

Aproveitem, enquanto funciona.

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City jogging 

10 km, 48m,coisaetaldesegundos

a derreter, primeiro fácil, a descer, depois amargo, a subir;

como às vezes a vida, o mesmo, só que ao contrário.

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Grátis 

"A vida devia ser gratuita", diz o António Pedro Ribeiro.

E diz bem.

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