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terça-feira, agosto 03, 2004

Casórios 

Fase 1
Chegam os convivas à igreja, fatos aprumados, vestidos sem rugas, caras maquilhadas, olhos devidamente protegidos por óculos de sol; olhares cruzados à distância, sorrisos, saudações.

Fase 2
Primeiras bebidas junto ao local do jantar. Primeiras queixas relativas ao calor/frio. Abraços mais efusivos ao primo emigrado que não se via há 5 meses. Há quem tire o casaco.

Fase 3
A miudagem brinca desregradamente pelo jardim ou seu simulacro, depois de ter comido pastéis de bacalhau. Alguns copos entornados e restos de acepipes pelo chão. Avista-se e relembra-se a tia com quem se tem uma desavença. Mangas arregaçam-se ao terceiro gin tónico.

Fase 4
Alguma recompostura com o assentamento generalizado à volta das mesas e com o contacto com "aquele casal quem é, que não os conheço?". Palavras de circunstância, sopa, onde é que trabalha, primeiro prato, quantos filhos, segundo prato, política, aí, isso não, nova garrafa para a mesa, repetir a carne, primeira piada sobre os noivos depois de debatido o futebol, sobremesa, desconforto nas cadeiras, todos se remexem e perdem as gravatas, cafés, rostos já mais ou menos levemente suados, bebidas brancas e cigarros vários, rostos definitivamente rubros.

Fase 5
Músicas disparadas como facas, sem defesa possível; danças generalizadas, casacos perdidos, decotes desajustados. Canalha em batalha tribal ou amizades juradas ou ambas.

Fase 6
Pausa para despudorado reabastecimento alimentar. Champanhe e bolo da noiva mal entrevistos por entre o nevoeiro alcoólico.

Fase 7 1/2
Arrasto até ao automóvel, para levar a famelga a casa em segurança.

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