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terça-feira, setembro 28, 2004

Olha o Senhor de Matosinhos, esquecido em draft 

Estive Sábado a olhar para o céu, encostado à barraca das sardinhas, os amigos do lado de lá do alumínio, segurando-me à janela, guardando-me as costas, sentindo o seu calor.
Quis ver mais, procurei esticar-me, isolar o olhar do enorme buliço de baixo, para o concentrar no buliço de cima.
O fogo de artifício estoirava, círculos concêntricos tornando tridimensionais as bolas de fogo, que normalmente apenas se desenhavam como riscos contra o negro do quadro. Parecem avançar sobre mim, mais e mais.
Ouço Jean Michel Jarre, Vangelis, as colunas fazem-me ribombar os pulmões. Vejo em sincronia os riscos, as centelhas, as faíscas, começam aqui, cruzam ali, nascem e morrem em segundos, sucedem-se no nevoeiro de cheiro a pólvora que cresce. São truques simples, ilusionismos sem surpresa, uma festa de aldeia tornada grande na aldeia grande.
E, no entanto, quando lanço o olhar para cima, apenas sentindo a multidão em frente e o conforto dos amigos logo atrás, fechando-me sobre as luzes lançadas só para mim, ao som da música, à minha barriga cheia de sardinha e vinho verde, ao meu coração cheio de amigos, junta-se um momento de felicidade na alma, não completo, mas apesar de tudo perfeito.
Deve ser também por isso que cada vez gosto mais de fogo de artifício.

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