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sexta-feira, junho 24, 2005

Loucos e perigosos 

"Bloco de esquerda diz que 'arrastão' foi 'fuga' de jovens de carga policial" - Público, 24 Junho.

Não perceber que a manutenção da ordem pública é também um sustentáculo do Estado de Direito e não autoritarismo; que a convivência democrática, a vida cívica, o indispensável e moroso trabalho social de inserção, são incompatíveis com a complacência para com a delinquência; que a responsabilidade individual, mesmo nas situações mais difíceis, é intransmissível, no bom, como no mau comportamento.

E dizer tudo isto com a impertinência habitual, juntando insulto à estocada.

Já não bastava o país ser tão capaz da síntese pouco admirável entre um enorme desrespeito pela autoridade (ainda se lembram das manifestações em que se atirava tomates aos polícias?) com o mais abjecto servilismo e ausência de espinha perante o poder (como nos "simples" pedidos de perdão de multas), faltava-nos o Bloco a dizer que as trupes que roubam nas praias não são mais que pobres jovens desenraizados, perseguidos por um Estado policial repressor.

Serão jovens, serão infelizmente desenraizados e pobres, seguramente merecedores do apoio de contexto que os afaste tão estrutural e permanentemente quanto possível destas escolhas. Mas são também seres humanos que numa altura adoptaram, escolheram, um comportamento delinquente, anti-social, que devemos repudiar e combater, sem vergonha nem erro.

Pactuar, tolerar o crime é não só errado como contraproducente; no mesmo fôlego, é vergonhoso não criar condições para que haja menos gente a optar por ele. Mas é exactamente porque as duas ideias andam em conjunto que se deve repudiar ambas com a mesma clareza.

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