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terça-feira, outubro 04, 2005

2 voices or more 

A fotografia é terrível, a peça e o actor, fantásticos.

Os textos são de Pier Paolo Pasolini (e de Cor Herkströter, ex-CEO da Shell)
Jeroen Willems é o actor. Magnífico. Além do mais, capaz de apresentar a peça, em 3 dias, sucessivamente em francês, alemão e inglês. Com italiano pelo meio.

Um intelectual que nos fala de não acreditar em nada, um poderoso que descreve o seu sorriso, um servil conhecedor da máquina empresarial-estatal, uma mulher/drag queen com uma história para contar, um CEO com lábia, razoável e convincente.

Cada personagem é desenhada com rigor, com os tiques que nos permitem reconhecê-los mas sem exageros, sem facilidades de caricatura. Pelo contrário, poderíamos re-encontrar aquelas pessoas no café, a fazer os mesmos gestos.

As partes unem-se com pequenos trechos em italiano; as histórias cruzam-se e explicam-se umas às outras; saltam para trás no tempo, molhando pessoas, sujando a fruta da sobremesa.

A mais incrível transformação é a da drag queen que reconta a parábola de um incrível pacto de Fausto.
Fantástica a história, fantástica a transformação, que demora em se revelar, o que chega a perturbar, mas é inteiramente merecedora da espera. A simplicidade dos adereços é desarmante.

A única nota que destoa ligeiramente é a passagem para o CEO; compreende-se melhor quando se descobre que é um texto de outro autor, realmente proferido num qualquer evento público.

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