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quinta-feira, março 16, 2006

dANCE 

- Corpos que cortam o ar como tesouras, sons de areia de televisão.
Círculos corridos, rápidos, viragens sobre si próprios.
Vestidos amarelos, cabelos que deviam ser amarelos.

- Colunas de som, guarda-roupa romano, círculos de gente que salta para trás, rotinas escondidas por detrás de mil movimentos. Dizem-nos que está ali a Paixão e a Fé.

- Pares que dançam como autómatos, com mecânicas complexas e repetidas, como bonecos de relógio do século XVIII - como a música, que pausam descansando na testa um do outro.
Bailarinos que se acompanham recitando uma história, a dança é agora de trejeitos e palavras e um registo fiel da oralidade.
Corpos inanimados trazidos de volta a uma vida improvável e magnífica, por um puppetmaster que é um Atlas vagabundo.

Do lado de cá, a busca irreprimível de significado, de conteúdo escondido por detrás da forma.
A forma é o conteúdo; a forma é o que se dá, a forma é o que está dentro do pacote?
O conteúdo é a forma, o significado é o movimento?

Imprime-se um parágrafo que resume os pensamentos do coreógrafo acerca da peça.
Será realmente um sumário ou o máximo que se pode espremer, para preencher linhas no programa, justificar detalhes, combater o espaço - se o há - na mente do espectador?

O outro espaço, no palco, está preenchido.
Não sei se chega mas sei que às vezes chega; chega para nos reconciliar com a vida.

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