<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, junho 07, 2007

Pássaro 

O passarinho não sabia ainda voar, tinha planado tropegamente desde o outro lado da estrada, ao lado do pai; devia ser o pai, porque foi uma companhia algo desleixada, inábil amparo nesta talvez necessária aventura.

Aterrou no alcatrão e, chegado ao passeio, puxou-se com dificuldade para cima daqueles escassos centímetros. À frente, o pai já batia as asas para subir ao muro, milhas acima.

Estava e ficou aflito, saltitando sem conseguir mais do que repetidamente embater contra a parede.

O pai voltava, com incentivos mas sem resultado, e o pobre bicho acabou por se esconder atrás de um caixote de lixo.

Ainda mais aflito ficou quando o encurralámos, um de cada lado, para que o pudesse apanhar, ouvindo o seu piar doloroso desaparecer até menos que um murmúrio, sob o olhar aflito do pai.

Coloquei aquele pequeno monte de penas sobre o muro e ele logo se atirou, coragem nascida ali do desespero, para o outro lado.

Onde o resto da família o esperava - espero - e não a boca aberta de algum gato.

E a verdade é que quis escrever isto porque um dia, como todos mas mais do que muitos, vou precisar de toda a ajuda que puder, de todas as testemunhas abonatórias, de todos os advogados de defesa.


0 comments

Post a Comment

This page is powered by Blogger. Isn't yours?