Ouvi o Marcelo começar o discurso, agradecendo aos pais e à
faculdade de Direito, pela ordem inversa, e, antes de ele começar a conversa
séria, sobre como se iria comportar e liderar e tal, os meus pés mexeram-se sozinhos, as
mãos viram as luvas ser-lhes colocadas, a água quente caiu e os pratos
começaram a ser lavados, tudo enquanto a minha mente tinha a consciência de
estar a experimentar um afastamento surreal da realidade, deixando país e pessoas,
valores e obrigações para trás, trocados pelo facto próximo e presente de
deixar a louça limpa, algo bem mais sob o meu controlo.