terça-feira, janeiro 03, 2017
Quarto de banho da Rosa
Ao lado do Quarto da Rosa, que dava para a cozinha, havia um pequeno quarto de banho.
Tinha direito a lavatório e sanita, com uma janelinha por cima. De alguma forma, devia ser ainda possível tomar um chuveiro mas nunca percebi como.
Era recoberto no chão e paredes por azulejo branco, brilhante e com muito pequeninos raios de estalado. Juntava-se o mármore rosa claro do peitoril da janela para fazer sentir sempre frio.
Como por toda a casa, cabia ali muito mais do que poderia à primeira vista parecer. Devia haver uns poucos pertences da Rosa - como poderiam ser muitos? - e, depois, coisas: ali, acoli e até penduradas acolá. E a dada altura, já mais tarde, juntou-se-lhes de alguma forma o pote do gato.
Aquele não era o meu sítio. Era de certa forma o único domínio da Rosa, e era esse o entendimento mudo da casa. Às vezes, fazia ali chichi, quando a outra casa de banho estava ocupada ou quando a preguiça de ir ao outro lado da casa era mesmo muita. Mas era sempre a correr, com o sentimento de estar a trespassar.
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Tinha direito a lavatório e sanita, com uma janelinha por cima. De alguma forma, devia ser ainda possível tomar um chuveiro mas nunca percebi como.
Era recoberto no chão e paredes por azulejo branco, brilhante e com muito pequeninos raios de estalado. Juntava-se o mármore rosa claro do peitoril da janela para fazer sentir sempre frio.
Como por toda a casa, cabia ali muito mais do que poderia à primeira vista parecer. Devia haver uns poucos pertences da Rosa - como poderiam ser muitos? - e, depois, coisas: ali, acoli e até penduradas acolá. E a dada altura, já mais tarde, juntou-se-lhes de alguma forma o pote do gato.
Aquele não era o meu sítio. Era de certa forma o único domínio da Rosa, e era esse o entendimento mudo da casa. Às vezes, fazia ali chichi, quando a outra casa de banho estava ocupada ou quando a preguiça de ir ao outro lado da casa era mesmo muita. Mas era sempre a correr, com o sentimento de estar a trespassar.