<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, janeiro 11, 2019

O hall 

O hall de entrada era como que um pequeno quarto que alargava o corredor que vinha da cozinha e ligava o quarto da minha Avó, o acesso aos outros quartos e, claro, a porta para as escadas.
Tinha uma outra porta, que nunca vi ser aberta, que dava directamente para a sala, para o canto onde se encostava a árvore de Natal, a parte mais enternecedora da casa durante as festas.
Ao pé dessa porta, um vaso ornado flutuava num pedestal, uma flor para receber flores. O candeeiro era como que uma flor a abrir, atirando as pétalas longas e douradas para o lado, a rasar o tecto.
Do outro lado do hall, na parede da porta da rua, havia um quadro por detrás de um quadro, um eléctrico, o outro talvez de uma paisagem. Na realidade, podia ter sido a Mona Lisa que nunca teria reparado, aquela pintura era invisível, parte do cenário, do fundo contra o qual as nossas vidas aconteciam, e só teria sido notado se tivesse caído.
Reza a história, mas não o posso confirmar, que um dia ali terei atirado o meu boné para o chão, recusando-me a apanhá-lo, facto pelo qual apanhei uma sapatada.
De resto, havia discussões à entrada todos os dias, com a Rosa a acudir à campainha soltando o trinco lá de baixo e abrindo logo a porta, e a minha Avó a barafustar que o cadeado não estava posto.

0 comments

Post a Comment

This page is powered by Blogger. Isn't yours?