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quarta-feira, agosto 25, 2004

Geracional 

Sue Towsend

"O que é que você fez na casa de banho? E, nessa altura, percebi que era verdade o que sempre tinha temido, que não fazia lá o mesmo que os outros"

Lembro-me de achar que depois do "The Secret Diary of Adrian Mole - aged 13¾", do "Já não há estrelas no céu" e das crónicas do Miguel Esteves Cardoso, já não havia razão para conflitos geracionais. Finalmente podíamos vencer Edgar Morin, que dizia (acho eu) que a prova que a espécie tinha um problema por resolver era que uma geração não conseguia passar à seguinte informação suficiente para evitar que os mesmos erros se repetissem da mesma maneira; na verdade, uma geração raramente conseguia falar com a seguinte ou anterior, embora às vezes se encontrassem casualmente na mercearia. Isto é muito ocidentalo-cêntrico, mas isso é outra história.


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segunda-feira, agosto 23, 2004

Riddick 

Porque é que ao saltarmos para o futuro, levamos o passado connosco?
Naves espaciais com motores anti-gravidade e ligas hanseáticas, armas phasers e armaduras medievais, scanners galácticos e a moda da Veneza renascentista, conquistas de planetas e fragatas, flotilhas, Grandes Armadas.

Conflitos entre tiranias malvadas e federações democráticas mas realistas. O mal, desejando espalhar-se e tudo conquistar, o bem, com um campeão relutante.

Será que do fabrico do universo sabemos tão pouco que nos limitamos a repetir estupidamente uma fábula uma vez imaginada? Ou poderá ser que, pese embora a limitação do nosso entendimento, baste o sermos feitos da mesma matéria do universo, sermos universo, para nos permitir esta intuição repetida, este contar e recontar do avanço do mal e da luta de um Salvador?

Bem, boa realização, com efeitos muito bonitos, especialmente o movimento das naves e as armaduras dos mauzões. As cenas de luta são tão rápidas que se perdem, o que não é perda nenhuma. O Vin Diesel é um canastrão de primeira água e as trocas óculos-olhos, olhos-óculos são de fugir. Dispensavam-se também as cenas com a criancinha e mesmo com a Jack, que acrescenta muito pouco.


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sexta-feira, agosto 20, 2004

Guenever 

Cá está um interesse puramente académico e desinteressado, naturalmente.
Não obstante, permitam-me que seja o primeiro subscritor do abaixo-assinado a apresentar ao nosso presidente, defendendo a bondade, melhor, a imperatividade, da continuação de tão doce estagiária nesta casa.
Seria uma perda irreparável: não desfazendo os actuais colaboradores, arrisco-me a afirmar que a Dra Gabriela traz uma cor que ninguém mais pode acrescentar ao nosso cinzento quotidiano.
Alguém me acompanha?


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quinta-feira, agosto 19, 2004

Eventos olímpicos à séria 

Lançamento anual do bolo de fubá

Consiste em comprar um bolo mau, esperar que seque até ficar pedra, entrar num carro, conduzir a alta - ok, não tão alta assim - velocidade, abrir a janela e, depois de verificar cuidadosamente da ausência de outros bólides colados à nossa traseira, atirar o dito cujo, vendo-o explodir no impacto, lançando milhares de pequenas migalhas em todas as direcções.


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terça-feira, agosto 17, 2004

Farenheit 9/11 

El presidente é mau, bastante mau, e deixou o mundo mais perigoso.

Entre outras variadas e importantes coisas, é capaz de uma piada, engraçada entre amigos mas de muito mau gosto para um presidente ("the haves and the haves more").

Mas também não gosto de me sentir manipulado, por imagens de criancinhas a brincar no parque infantil de Bagdad ou pela entrevista da pobre mãe, chorosa do filho que perdeu no Black Hawk.

Apesar da evidência da agenda, senti falta de uma punch-line final.

Àparte isto, é uma delícia ver uma carrinha de gelados a debitar um pedaço de legislação que restringe os direitos e liberdades mas que ninguém leu antes de aprovar.


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segunda-feira, agosto 16, 2004

Humildade 

Esta da nossa única leitora confessar que já não se lembra deste link tem que se lhe diga.
É um interessante exercício de humildade saber que o interesse gerado não chega para encher meio caneco da cibernauta mais apaparicada.


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sexta-feira, agosto 13, 2004

Uma citação por dia... 

E de José Reis!
Uau, se me é permitida a imodéstia.

http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/165/165.pdf

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Type cast 


It's all for Europe and Europe for all at José Manuel Barroso's new-look Commission. Apparently, everyone is happy to put the European ideal before the national interest, and there was no haggling over jobs with national governments.
"I love my country, Portugal," pronounced El Presidente, clutching his hand to his chest. "But we swear to serve the European interest."
Financial Times


"El Presidente"?! "El Presidente"???
What the ...!?
Isto é alguma piadinha de país, cultural, étnica?
"El Presidente", my a**!


FT sucks. Big time.



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Um treinador por dia 

resumo de todas as entrevistas que ele vai dar durante os dois anos no Porto e ainda um excerto da primeira contribuição para o Cahiers du Cinema
"muito trabalho, muita concentração competitiva, cada jogo uma final, só pensamos no próximo Domingo, não comento arbitragens mas o árbitro come poisson-merde, o Vilanovensedebaixo é um clube tradicionalmente forte na taça, e respeita-mo-lo tanto como ao Real Madrid, o Maciel é importante e a lesão preocupa-nos mas temos muitas soluções, qualquer jogador tem de se esforçar muito semana a semana, é um honra trabalhar no fcp, pinto da costa é deus, é sempre uma emoção renovada ganhar o campeonato, este tem um sabor muito especial, o título é o objectivo, claro, não há favoritos, há trabalho, fico feliz e triste por me ir embora, sei que posso voltar à companhia deste grupo de trabalho fantástico que deixo com uma taça intercontinental, duas presenças nas meias finais da Championsleague, dois campeonatos, duas taças de portugal e uma taça intertoto"

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Thematic trips 

Do LSD à câmara fotográfica

Ou como ir de terra em terra capturando e fazendo instântaneos.
Uma ideia original de Al Varenga (palavreada a minha responsabilidade), a seguir, em todos os sentidos.

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Sagrado e profano 

Poder confrontar algumas afirmações da Bíblia com explicações alternativas, concretas, observáveis, ajudou a colocar em causa a infalibilidade, a autoridade do restante texto e permitiu, como libertação, que deixasse de ser tomado literalmente.
Por exemplo, deixou de ser sustentável que alguém de boa fé (interessante expressão) mantivesse que a idade da terra não passava de 6000 anos, quando a geologia indicava 5 mil milhões.

Aqui põe-se o problema da sustentação da ciência como forma de organização do pensamento capaz de ombrear com a teológica: não nasceu assim (e, às vezes, não parece garantido que dessa forma se mantenha).
De facto, foi fácil sobrepor ao heliocentrismo o dogma da centralidade da terra, a mando do papa. Mas a lenta afirmação da ciência como forma de agir sobre o mundo, capaz de demonstrar o seu valor no concreto do quotidiano das pessoas, permitiu que fosse mais e mais respeitada.
A ponto de ser ouvida quando se arrogou a confrontar as leituras e, de forma sistemática e verificável (se bem que não perfeita), desmontar as inverdades.

Este minar da autoridade dos textos sagrados para assuntos do prosaico e temporal, permitiu repensar a perfeição dos restantes dizeres.
Foi possível temperar com humanidade o texto: à partida, por que a autoridade divina parecia ter sido amplamente mediada pela mão muito humana dos escribas; à chegada, porque a leitura contemporânea do texto permitia dar-lhe outros contextos de aplicação.

Assim, a reputação lentamente granjeada pela ciência, reconhecida pelos homens pelos seus resultados no concreto, e a presença nos textos sagrados de afirmações susceptíveis de confronto (i.e., proximamente relacionadas com a realidade física), permitiu o questionar da totalidade dos textos, mesmo na vertente mais espiritual.

De forma interessante, essa libertação dos textos das mentiras literais que carregavam, permitiu que se não conspurcasse a verdade sentida da revelação espiritual pela dúvida associada à realidade física. Talvez tenha permitido ler os textos de forma mais profunda, por menos literal.

Vem tudo isto a propósito da Bíblia. No Corão, dizem-me, há menos registos directamente confrontáveis com a realidade física e, portanto, mais dificilmente questionáveis por outras leituras dessa realidade.
Mesmo que a ciência possa eventualmente ser respeitada pela maioria dos muçulmanos, pela força com que se demonstra e impõe (nem que seja sob a forma de mísseis e armas), a ausência de um historial de dúvida e de separação do que é acessório e do que é essencial, pode dificultar a leitura menos literal dos textos sagrados.
Até porque essa outra forma de ler a realidade, a tal ciência, tem aparecido (não desde sempre, mas nos últimos séculos) associada a infiéis, bárbaros. É aceite à força, pela força.
Não cativando as mentes, não facilita a aceitação como alternativa, como passo para a humanização dos textos e, através dessa intermediação, para o seu recentramento na esfera espiritual.


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quinta-feira, agosto 12, 2004

De-Dolores, a amiga 

Temos que nos defender, de lutar, de colocar o pé na porta, empurrar o ombro, rabiar, puxar, arrancar cabelos.
Beber água.
Recomeçar.
A mínima distração não mata.
Mas moi. Não, no início nem sequer moi.
Mas acumula até ao ponto em que, sem notarmos, ganhou massa crítica.


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De maçãs e caroços 

Hell is an idea first born of an undigested apple-dumpling

Norman Melville, Moby Dick

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quarta-feira, agosto 11, 2004

Amola tesouras 

Há um amola-tesouras aqui ao pé.
Parece-me que regressou mesmo agora das brumas do Avalon da Lisboa dos meus 10 anos, que não era assim tão brumosa, nem está assim tão longínqua. Apenas distante q.b. O amola-tesouras, esse sim, parece distante, olha-se e sabe-se que não ali vai estar muito tempo, em vários sentidos.

E, apesar de apreciar a penincilina, os frigoríficos e os novos modelos de iTunes, que todos mostram que progresso é bom e bem e andar para a frente com isso, ála que se faz tarde, e apesar ainda de me irritar com os saudosistas sem sentido, apesar de tudo isto, ainda me apetece agarrar no homem e não o deixar sair dali, não o deixar ir embora, para a família feliz e jantar que terá à espera em casa, que não tem de ser um miserável com uma vida tristemente poética.
Ou, se calhar, tem.

Não interessa. Vou ver se lhe tiro uma foto um destes dias.

Sim, mesmo que ele não queira, mesmo que não se sinta representante de uma época passada, nem tenha aprendido o ofício há mais de 5 dias, nem esteja triste, nem contente, por tudo mudar, aliás como sempre mudou e não pode deixar de o fazer.


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Altitude 

O bom tempo é tanto uma questão de atitude como de altitude.

Mesmo assim, é estranho ver chover a cântaros em Agosto. Lembra-me a poluição, a camada do ozono e a Amazónia.


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segunda-feira, agosto 09, 2004

Desidério a ministro 

http://www.criticanarede.com/fil_superior.html



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quarta-feira, agosto 04, 2004

O mais que médio Oriente 

Sexta, Sábado, Domingo
Os dias santos e de descanso das três grandes religiões monotéistas.

No particular order.


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terça-feira, agosto 03, 2004

Casórios 

Fase 1
Chegam os convivas à igreja, fatos aprumados, vestidos sem rugas, caras maquilhadas, olhos devidamente protegidos por óculos de sol; olhares cruzados à distância, sorrisos, saudações.

Fase 2
Primeiras bebidas junto ao local do jantar. Primeiras queixas relativas ao calor/frio. Abraços mais efusivos ao primo emigrado que não se via há 5 meses. Há quem tire o casaco.

Fase 3
A miudagem brinca desregradamente pelo jardim ou seu simulacro, depois de ter comido pastéis de bacalhau. Alguns copos entornados e restos de acepipes pelo chão. Avista-se e relembra-se a tia com quem se tem uma desavença. Mangas arregaçam-se ao terceiro gin tónico.

Fase 4
Alguma recompostura com o assentamento generalizado à volta das mesas e com o contacto com "aquele casal quem é, que não os conheço?". Palavras de circunstância, sopa, onde é que trabalha, primeiro prato, quantos filhos, segundo prato, política, aí, isso não, nova garrafa para a mesa, repetir a carne, primeira piada sobre os noivos depois de debatido o futebol, sobremesa, desconforto nas cadeiras, todos se remexem e perdem as gravatas, cafés, rostos já mais ou menos levemente suados, bebidas brancas e cigarros vários, rostos definitivamente rubros.

Fase 5
Músicas disparadas como facas, sem defesa possível; danças generalizadas, casacos perdidos, decotes desajustados. Canalha em batalha tribal ou amizades juradas ou ambas.

Fase 6
Pausa para despudorado reabastecimento alimentar. Champanhe e bolo da noiva mal entrevistos por entre o nevoeiro alcoólico.

Fase 7 1/2
Arrasto até ao automóvel, para levar a famelga a casa em segurança.

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