terça-feira, dezembro 30, 2003
Picture me this
O cinema é mágico.
A emoção que é transmitida pelas imagens do Rocky quando sobe a escadaria da biblioteca de Philadelphia, com a câmara baixa, a rodar 360º: é magia.
(não parem por ser o Rocky, é apenas um exemplo. Um exemplo do que não existe fora do cinema)
Já experimentaram subir uma escadaria daquele tamanho a correr? Como se tal fosse a vossa maior conquista? Um prenúncio do que está para vir, da vossa satisfação por saberem que vão dar o melhor, por se terem preparado para isso? E de que não interessa o resultado?
Não? Eu também não.
Suspeito que nem o Rocky. Mesmo que tivesse existido.
Daí a magia. E a mentira.
Aquela emoção não existia: a imagem e o som não dão corpo estético a nenhuma emoção que existisse previamente fora da tela. Eles inventam uma emoção.
A realidade é o ponto de partida para a criação de uma outra coisa, uma outra realidade, que não existia antes.
segunda-feira, dezembro 22, 2003
Need I say more?
Victoria inveja rabo de J-Lopez
Victoria Beckham desvendou esta semana à imprensa britânica o segredo para o casal mais mediático do mundo artístico não sentir saudades. A estrela pop afirmou que o contacto entre ela e o marido tem sido mantido através de muitas chamadas telefónicas (chegam a ser cem por dia!) que apelidou de "telefonemas eróticos".
A solução, a breve prazo, poderá passar pela compra de um jacto particular, a fim de encurtar a distância entre Madrid (cidade onde Beckham vive) e Londres (onde reside actualmente Victoria).
Noutro contexto, a ex Spice Girl teceu considerações curiosas acerca de Jeniffer Lopez. Entre outras coisas, Victoria cobiçou o rabo da cantora/actriz: "Gostaria de ter um rabo como o dela... mas não posso fazer nada. Contento-me com o corpo que tenho e procuro aproveitá-lo da melhor forma!"
Publicidade
Um anúncio de página inteira num jornal de circulação nacional informando que a actual gestão da Câmara Municipal de Lisboa gasta menos em publicidade do que a gestão anterior.
Gastamos dinheiro em publicidade para dizer que gastamos menos dinheiro em publicidade, que fique bem claro. Há algo de perversamente delicioso neste país.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
OK Coral
The History of OK
Van Buren, a native of Kinderhook, N.Y., was popularly referred to as "Old Kinderhook" -- OK for short. Van Buren's 1840 reelection campaign became so heated that the word OK was widely used and abused by both sides.
In fact, to hurt the Democratic Party, an opponent started a rumor that it was former president Andrew Jackson who created OK, as an abbreviation of "all correct." The rumor implied that the rustic Jackson was a poor speller. That explanation for OK wasn't true, either, but it did have staying power. And it helped propel the use of OK even further.
Free to go round and round
Por vezes dou por mim a ter de repetir uma tarefa, como ter de refazer uma lista de pendentes por ter perdido a primeira, estar noutro sítio, seja o que for.
Passado algum tempo, e pela mesma razão sem razão, encontro a primeira lista e, na releitura de ambas, noto as semelhanças de papel químico.
Não se trata apenas da similitude dos tópicos, essa não traria propriamente surpresa.
Antes é a duplicação dos termos, das expressões, dos acentos.
É certo que algo deste espelho nasce do facto de ter havido uma imagem original, como se a as ideias tivessem aprendido um caminho para se concretizarem e agora o repetissem. Mas o mimetismo é fascinante.
Por um lado, pela confiança nas minhas próprias reacções. Afinal, posso confiar em mim. Eu sou eu e pareço continuar a sê-lo, numa afirmação do ser.
Por outro, até que ponto são livres os meus pensamentos e actos? Se os repito quando estimulado da mesma forma, sou eu que os faço? Ou eles acontecem de forma independente, mecânica, por resposta electro-química do mesmo sensor ao mesmo dado? Sou uma bio-máquina, uma negação do ser?
sexta-feira, dezembro 12, 2003
Bring back Bill
Não é qualquer presidente que merece uma oposição assim!
(major credit cards accepted)
http://www.babesagainstbush.com
terça-feira, dezembro 09, 2003
Desconfio
Por mais que a minha vaidade lute contra o bom senso, este vai ainda vencendo e começo a desconfiar do contador.
Enquanto outros se congratulam pelos milhares de acessos diários, o facto de eu atingir umas dezenas de leituras parece-me obra.
Na verdade, parece-me esmola a mais dos amigos. Os meus próprios acessos devem estar a inflacionar este lugar.
Sic transit
Os dias levam-nos com eles.
Eu sei, mais um lugar comum, mas é por isso que passamos por lá, por serem lugares comuns.
Os dias passam e vamos esquecendo aquilo que queríamos fazer.
Não se trata bem de esquecer, aparece ainda nas listas mentais, logo após ir à natação e acabar de limpar a louça.
Apenas se torna um pouco nebuloso, como uma cortina através da qual se olha, ou melhor, como um lembrete que foi deixado tempo demais na secretária, faz já parte da paisagem visual e nunca é lido, nunca lembra nada.
Repetir ciclos, repetir passados, repetir gerações; se calhar os conselhos, os ditados e as religiões tinham mesmo razão, é tudo igual, tudo o mesmo, continuamos sem transmitir nada uns aos outros, sem falar, sem aprender.
Se calhar é porque é impossível fazer melhor e tudo isto não tem mesmo sentido nenhum.
Terá mais encanto?
O momento da despedida dos pais é o momento em que ficamos sós.
Sós com o mundo, com todo esse mundo de monstros e anjos de quem nos salvavam ou com quem nos encantavam os pais.
Quem tem de arranjar o cano furado ou descobrir o melhor mecânico ou escolher a posição da mesa na sala?
Quem comenta o telejornal, quem serve de consolo, quem aconselha face ao emprego?
Quem tem a liberdade de fazer o que quer e agora pode? Que fazer com ela quando se a tem?
Ultrapassar a angústia, o pânico do momento do repetido corte do cordão umbilical.
Depois, fazer. Aprender a fazer. Fazer.
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Tony, meu nome é Tony Pinto
Descobrimos onde está o saudoso Tony, cantor de sucesso.
Não temam, a carreia continua em alta, apenas com outras cantigas.
Ouça você mesmo.
http://www.daetwyler.com/sales.htm
Frio - Quente
Uma casa constroí-se de detalhes.
De cores por sobre o vazio, tapetes laranja no quarto, champôs azuis na banheira, sabonetes vermelhos no lavatório, livros junto à cabeceira.
De saber onde está o interruptor antes de acender a luz, para poder acender a luz.
De querer hoje beijar a banca da cozinha mesmo sabendo que a vamos odiar ou ignorar dentro de pouco tempo.
terça-feira, dezembro 02, 2003
Depressão de Domingo
Estudos recentes indicam que é possível combater a depressão de Domingo:
- trabalhando ardua e ininterruptamente também no Sábado
- encontrando um feriado na Segunda-feira