quinta-feira, março 31, 2005
What poetry is, XVII
Poetry in other words
is the gilded tongue of silence.
Unimaginable when absent,
self-evident when present.
God created, they say,
the temporal out of the eternal.
The poet simply undoes
by bits and pieces
This blunder.
Harry Mulisch, What Poetry Is, XVII
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is the gilded tongue of silence.
Unimaginable when absent,
self-evident when present.
God created, they say,
the temporal out of the eternal.
The poet simply undoes
by bits and pieces
This blunder.
Harry Mulisch, What Poetry Is, XVII
quarta-feira, março 30, 2005
O segrego dos punhais voadores
O começo e o fim tocam-se no exagero da representação e da história.
A encenação (envolvente, adereços, guarda-roupa, coreografia - todo o ambiente) é rica, colorida, diferente, oriental (que surpresa...). Fiquei a imaginar o espanto que devem ter sentido os primeiros ocidentais a chegar àquelas paragens.
Pelo meio, uma variação da história do Romeu e da Julieta, na China do século IV, com a magia das artes marciais a levar-nos a voar, a danças impossíveis e a proezas fantásticas várias.
Ultrarealismo (como dizia o meu amigo que é perito nestas coisas) nas imagens da natureza, com as cores puxadas ao tom impossível (e não só nas árvores: será possível haver lábios mais vermelhos?).
A neve, improvável e indesejado convidado (a crer nos relatos das filmagens), acaba por ser um manto mais de fantasia e tristeza a cobrir o final da história.
Um amor mais forte do que toda aquela magia e exércitos mas no final incapaz de escapar aos orgulhos e às dívidas, às fidelidades e histórias familiares.
Interessará isto alguma coisa perante a beleza da rapariga? Capaz, verdadeiramente, de derrubar cidades com o olhar, aquela beleza do Norte.
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A encenação (envolvente, adereços, guarda-roupa, coreografia - todo o ambiente) é rica, colorida, diferente, oriental (que surpresa...). Fiquei a imaginar o espanto que devem ter sentido os primeiros ocidentais a chegar àquelas paragens.
Pelo meio, uma variação da história do Romeu e da Julieta, na China do século IV, com a magia das artes marciais a levar-nos a voar, a danças impossíveis e a proezas fantásticas várias.
Ultrarealismo (como dizia o meu amigo que é perito nestas coisas) nas imagens da natureza, com as cores puxadas ao tom impossível (e não só nas árvores: será possível haver lábios mais vermelhos?).
A neve, improvável e indesejado convidado (a crer nos relatos das filmagens), acaba por ser um manto mais de fantasia e tristeza a cobrir o final da história.
Um amor mais forte do que toda aquela magia e exércitos mas no final incapaz de escapar aos orgulhos e às dívidas, às fidelidades e histórias familiares.
Interessará isto alguma coisa perante a beleza da rapariga? Capaz, verdadeiramente, de derrubar cidades com o olhar, aquela beleza do Norte.
Pastelaria
Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante - ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente: Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny de Vasconcelos
Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)
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Afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante - ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente: Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny de Vasconcelos
Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)
Batedeira
Mexer com os dias é importante.
Diria mesmo que importa mexer com os dias.
Variar leva a pensar, que é aquilo que se faz quando não se pode ir à praia.
E assim nascem planos e mais planos que se confundem e perdem, geralmente com o motivo que fez os dias começar a mexer.
Até que o mexer dos dias acalme, deixando tempo para ir à praia e para pensar.
E então deixa-se de pensar, deixando também os planos iniciados para depois do bronzeado.
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Diria mesmo que importa mexer com os dias.
Variar leva a pensar, que é aquilo que se faz quando não se pode ir à praia.
E assim nascem planos e mais planos que se confundem e perdem, geralmente com o motivo que fez os dias começar a mexer.
Até que o mexer dos dias acalme, deixando tempo para ir à praia e para pensar.
E então deixa-se de pensar, deixando também os planos iniciados para depois do bronzeado.
terça-feira, março 29, 2005
Vale a pena
0 commentsNunca gostei
Sensação de desperdício.
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Estatísticas
Para o grupo manter as médias nacionais, havia que esperar que alguém quebrasse.
Mas é duro, uma separação. Se o é para quem vê de fora, embora de um fora que é perto, o que será para quem está/esteve no meio.
Tenho as minhas previsões quanto ao desfecho depois do desfecho. A ver vamos.
Tenho também as minhas mágoas e ressentimentos quanto às palavras dos meus pais, que às vezes procuro evitar e outras tantas se provam maldosamente verdadeiras.
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Mas é duro, uma separação. Se o é para quem vê de fora, embora de um fora que é perto, o que será para quem está/esteve no meio.
Tenho as minhas previsões quanto ao desfecho depois do desfecho. A ver vamos.
Tenho também as minhas mágoas e ressentimentos quanto às palavras dos meus pais, que às vezes procuro evitar e outras tantas se provam maldosamente verdadeiras.
quarta-feira, março 23, 2005
Queijo
Primeira sensação é mesmo de que alguém mexeu no queijo.
Dizem que o primeiro e o último dia de trabalho são os piores. Pode ser mesmo.
Em compensação, continuo a ver o rio, se bem que um rio diverso, ou não fora um rio.
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Dizem que o primeiro e o último dia de trabalho são os piores. Pode ser mesmo.
Em compensação, continuo a ver o rio, se bem que um rio diverso, ou não fora um rio.
Mudanças
Confirmadas.
Estamos em andanças, em novos começos.
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Estamos em andanças, em novos começos.
quinta-feira, março 17, 2005
Será?
O objectivo de ser mais e melhor parece ser o único consentâneo com a natureza humana.
O espírito olímpico, as Descobertas, a exploração do espaço, a busca do conhecimento são mais do que cobiça e vãs vaidade ou demandas de significado.
Não se trata apenas de desejo de palco ou de vaidades pessoais. São também manifestação do que de melhor e mais profundo há em nós; curiosidade e investigação, capazes de sobreviver mesmo a idade média.
Posto isto, a Europa só pode ter o modelo social que poder pagar. Pode escolher entre fazê-lo num ambiente mais justo ou mais canalha, mas tem de ser competitivo...
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O espírito olímpico, as Descobertas, a exploração do espaço, a busca do conhecimento são mais do que cobiça e vãs vaidade ou demandas de significado.
Não se trata apenas de desejo de palco ou de vaidades pessoais. São também manifestação do que de melhor e mais profundo há em nós; curiosidade e investigação, capazes de sobreviver mesmo a idade média.
Posto isto, a Europa só pode ter o modelo social que poder pagar. Pode escolher entre fazê-lo num ambiente mais justo ou mais canalha, mas tem de ser competitivo...
segunda-feira, março 14, 2005
Mini-meia
Mais uma, a sexta.
42m30s, não um mínimo pessoal mas bom o suficiente.
Pena terem limitado as bicicletas.
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42m30s, não um mínimo pessoal mas bom o suficiente.
Pena terem limitado as bicicletas.
Mudanças de ares
São possíveis.
Às vezes, necessáias. Às vezes, benéficas.
Apostemos nesta última.
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Às vezes, necessáias. Às vezes, benéficas.
Apostemos nesta última.
sexta-feira, março 11, 2005
Million dollar baby
Magnífica, a nossa actriz oscarizada.
Clint, dos meus favoritos há bastante tempo, melhor a realização que o desempenho ao lado de Freeman.
As cenas que aproveitam o claro/escuro e os traços das faces dos actores são fantásticas.
Expectativas iniciais demasiado altas ou não, não encontrei assim tantooooooooos motivos para classificar de clássico (uhm) este filme. Que é um óptimo filme.
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Clint, dos meus favoritos há bastante tempo, melhor a realização que o desempenho ao lado de Freeman.
As cenas que aproveitam o claro/escuro e os traços das faces dos actores são fantásticas.
Expectativas iniciais demasiado altas ou não, não encontrei assim tantooooooooos motivos para classificar de clássico (uhm) este filme. Que é um óptimo filme.
Mudança
Poderá estar uma em preparação.
Como todas, trabalha pela calada, para nos surpreender.
A vida rola e, às vezes, enrola.
Pelo melhor, aposta-se.
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Como todas, trabalha pela calada, para nos surpreender.
A vida rola e, às vezes, enrola.
Pelo melhor, aposta-se.
terça-feira, março 08, 2005
Amanhã
Rally-paper
Mangualde-Penafiel
and back
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Mangualde-Penafiel
and back
Muito interessante
0 commentssegunda-feira, março 07, 2005
Uma e outra e outra e outra vez
Estas confusões com o take 2 de Cesário Verde lembraram-me o caso do vinil de um amigo, que ganhou manha em determinado local de um disco dos Pet Shop Boys.
De modo que a agulha de lá não saia, repetindo-se em círculo uma palavra, perfeita e única:
"Forever, forever, forever, forever, forever..."
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De modo que a agulha de lá não saia, repetindo-se em círculo uma palavra, perfeita e única:
"Forever, forever, forever, forever, forever..."
Take 2...
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
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Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Take 2...
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
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Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Take 2...
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
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Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Take 2
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
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Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
sexta-feira, março 04, 2005
Nothing
O Fantas recompensou-me pela perda do meu sono de beleza numa sessão mais tardia.
Do realizar de Cube, com partilha de actores.
Delicioso o sentido de humor, a tratar uma ideia simples, desejada por muitos.
O que aconteceria se pudessemos bloquear o mundo feio e mau? Se ele, digamos, desaparecesse?
Bonus stage: a curta metragem com Lucífer e o Arcanjo Miguel a passear na Paris de oitocentos (pareceu-me ver a torre Eiffel embora o ambiente seja vitoriano), a fazer malandrices musicadas com muito humor. Ah, e a orquestrar o fim do mundo.
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Do realizar de Cube, com partilha de actores.
Delicioso o sentido de humor, a tratar uma ideia simples, desejada por muitos.
O que aconteceria se pudessemos bloquear o mundo feio e mau? Se ele, digamos, desaparecesse?
Bonus stage: a curta metragem com Lucífer e o Arcanjo Miguel a passear na Paris de oitocentos (pareceu-me ver a torre Eiffel embora o ambiente seja vitoriano), a fazer malandrices musicadas com muito humor. Ah, e a orquestrar o fim do mundo.
Mr. Spock e seus amigos
To boldly go where no man has gone before
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Vitrier
0 commentsThe truth is out there: Go look
Não deixem de participar: não custa nada e os milhões que pode dar, na lotaria cósmica, são de tal modo elevados que compensam, para a humanidade, quaisquer infinitesimais leituras probabilísticas.
Além disso, é um screen-saver Assimoviano, futurista, humano e sobre-humano, digno de um Vasco da Gama.
O design é banal, o conteúdo não.
http://setiathome.ssl.berkeley.edu/
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Além disso, é um screen-saver Assimoviano, futurista, humano e sobre-humano, digno de um Vasco da Gama.
O design é banal, o conteúdo não.
http://setiathome.ssl.berkeley.edu/
quinta-feira, março 03, 2005
Marco Pio
Temos de o resgatar do limbo.
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Há dias assim
"I have always depended on the kindness of strangers"
Tennessee Williams (1911-1983), A streetcar named Desire (1947)
Parabéns
Ao Hotel Sossego, porque tem mais um ocupante.
E ao Pedro e à Tânia, como principais responsáveis, e por o terem chamado para eles.
E, acima de tudo, ao Luís, por ter escolhido vir.
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E ao Pedro e à Tânia, como principais responsáveis, e por o terem chamado para eles.
E, acima de tudo, ao Luís, por ter escolhido vir.
terça-feira, março 01, 2005
Vinzent
Este custou seguramente mais de USD 7000.
Um pouco lento e, seguramente, mais difícil de entender que Primer.
Mas parece, disse o realizador, que foi essa a intenção, por o povo a pensar. Será desculpa para haver falhas aparentes nas relações de causalidade?
Felizmente, isso não é muito relevante, se não nas cenas finais.
E até lá, é uma delícia ver a câmara, com lente olho-de-peixe, colada ao buraco da porta, mexendo-se quando esta se abre, mostrando as pessoas que entram e as que recebem.
E os jogos de sombras, na cara do actor, as pinturas negras no corpo da rapariga, as paredes impossíveis do ambiente impossível daquele bloco de apartamentos.
O gato chama-se Castor, o que aponta para Pollux, e antecede a chegada de Olaf. Acham lógico? Foi o melhor que consegui arranjar.
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Um pouco lento e, seguramente, mais difícil de entender que Primer.
Mas parece, disse o realizador, que foi essa a intenção, por o povo a pensar. Será desculpa para haver falhas aparentes nas relações de causalidade?
Felizmente, isso não é muito relevante, se não nas cenas finais.
E até lá, é uma delícia ver a câmara, com lente olho-de-peixe, colada ao buraco da porta, mexendo-se quando esta se abre, mostrando as pessoas que entram e as que recebem.
E os jogos de sombras, na cara do actor, as pinturas negras no corpo da rapariga, as paredes impossíveis do ambiente impossível daquele bloco de apartamentos.
O gato chama-se Castor, o que aponta para Pollux, e antecede a chegada de Olaf. Acham lógico? Foi o melhor que consegui arranjar.